11 de abr. de 2012

Natália prepara a voz para empurrar o Rio na final e sonha com ida a Londres

Ex-Osasco, ponteira não pôde disputar a Superliga. Ela ainda se recupera da segunda cirurgia na tíbia esquerda, para retirada de um tumor benigno


Do sofá de casa ou sentada numa cadeira do Maracanãzinho, Natália ouviu a frase ser dita e repetida por suas companheiras de Rio de Janeiro: "Se ela estivesse jogando, a caminhada seria mais fácil". Contratada como o principal reforço da equipe para a temporada, a jovem ponteira só pôde vestir o uniforme durante os treinos. Culpa da tíbia esquerda, que começou a doer outra vez. Em junho do ano passado, foi submetida a uma cirurgia e, em agosto, chegou a disputar três jogos da fase final do Grand Prix. Seis meses depois, o tumor benigno estava de volta e foi preciso outra intervenção. Por dois dias, Natália chorou sem parar. Depois dali, iniciou a corrida contra o tempo para poder estar novamente apta a jogar. Na Superliga, sua contribuição tem sido dada com a força da voz. Neste sábado, na final contra o Osasco, espera ficar rouca mais uma vez e cobrar o presente de aniversário - fez 23 anos na semana passada - atrasado. A TV Globo transmite ao vivo a decisão, às 10h (de Brasília), no Maracanãzinho. O GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real.

Desde o início, Natália procurou manter a rotina. Mesmo que não viajasse com o grupo, não quis saber de tempo livre. Via os vídeos dos jogos, ia aos treinos e para a sala de musculação. Chegou a deixar as muletas de lado para treinar passes sentada num banco. Fechou a boca, seguiu a dieta dada pela nutricionista e perdeu seis quilos. Queria ficar mais leve e brinca que há males que vêm para bem.
- Na minha casa teve churrasco de fim de ano, e minha mãe falava para eu comer. Eu dizia que não porque não queria sair rolando. Cuidei muito dessa parte. Passei a dar valor ao meu corpo e a entender que não posso ser gordinha porque tenho que evitar a sobrecarga nos meus deslocamentos. Eu ainda sinto uma sensibilidade na canela porque tiraram 3cm da minha tíbia e fizeram um enxerto, e isso é normal.  Mas vai passar. Tenho que esperar, só o tempo mesmo. Nesse período tudo foi controlado. Eu faço cinco minutos de defesa e sempre peço mais um pouco e ele me diz: "Só mais uma bola". Se deixar, eu fico na quadra - disse Natália.






Bem que Bernardinho queria tê-la ali, subindo para mais um dos ataques potentes que tanto a caracterizam. Mas preferiu evitar os atropelos. Não queria que a pressa colocasse em risco a carreira de sua pupila e muito menos a ida aos Jogos de Londres, a partir de julho.
- É uma frustração, porque há alguns anos queríamos Natália aqui. Mas fizemos o trabalho de recuperação sem querer atropelar nada.  O importante é ela estar bem e jogar vôlei. Ela se manteve muito positiva durante o período. Esse astral dela ajuda. Acho que mais um mês e ela terá plenas condições de participar bem dos treinos e ir a Londres. Está magra e fisicamente bem - afirmou o técnico.
Algo que algumas vezes, poucas como faz questão de frisar, Natália chegou a duvidar.  Nessas horas ela voltava o pensamento para Nalbert e Ronaldo Fenômeno, que também passaram por momentos difíceis após cirurgias e conquistaram a medalha olímpica e o título da Copa do Mundo, respectivamente. A fé também vem ajudando. Católica daquelas de frequentar missa nos tempos em que morava com os pais, a jogadora se apegou ainda mais a Deus.
- Cheguei a ficar meio balançada e a pensar: "Será que vai dar certo? Será que vai dar tempo?" Ainda mais perto da Olimpíada. Mas sei que quem tem cabeça e quer muito uma coisa, consegue. Estou me dedicando e querendo muito. Nalbert e Ronaldo tiveram problemas sérios no ombro e no joelho, e deram a volta por cima. Sei que o Giba e o Diego Hypolito também estão na mesma fase que eu, se recuperando de cirurgias. E isso me dá uma força extra. Estou torcendo por eles, que também querem ajudar o Brasil nos Jogos.
Da Turquia, em meio aos compromissos do Fenerbahçe, o técnico da seleção José Roberto Guimarães, vem acompanhando a evolução de Natália. Além dos e-mails trocados, também se falam por telefone. Atenção e força que a ponteira agradece e voz que gosta de ouvir sempre que diz: "Você vai conseguir".
- Isso é muito importante. São tantas pessoas me empurrando... Eu só tenho a agradecer. O pessoal do meu time está tendo um cuidado comigo. Sabem que é importante para que a minha carreira não termine em dois anos. Infelizmente não estou podendo ajudar as meninas dentro de quadra, mas quero meu presente de aniversário atrasado! E quero também realizar o meu sonho olímpico. Estar lá vai ser uma vitória antecipada para mim. Não vejo a hora de começar a saltar de novo - ri.  






Fonte: Globoesporte.com 

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